sábado, 8 de maio de 2010

Diário de Bordo - Sobral

Estrada, pessoas, lugares, olhares, risos, ritmos, cheiros...as cidades parecem um mundo dentro do mundo. Fiquei à pensar e olhar as paisagens de dentro da van. Nossa?! Para existir algo é preciso que todos nós (Encantragueiros) estejamos juntos, sejamos docemente transportados? Estava me sentindo numa época daquelas, em que as companhias de teatro ganhavam o pão viajando de cidade em cidade, do teatro mambembe.
Chegamos à linda Sobral, nem imaginaria que especialmente na nossa primeira viagem o Sertão, o deserto de dentro do homem me povoasse. Quase o Sertão vira mar. Sertão inundado. Choveu, choveu bastante! Tenho as imagens daquela chuvinha cinza da tarde, filmei na minha câmera da sacada do hotel. Respirei a cidade lenta e profundamente. Conheço Sobral de uma maneira tão silenciosa e inquietante. Andei pelas ruas como um velho – lentamente e como uma criança – curiosa. Vi as praças, as casas, as árvores com centenas de passarinhos dormindo, as luzes.
Penso que devemos ser assim: investigadores do que é vida. E o Teatro é isso. Senti isso na nossa apresentação, o sangue novo circulando, as pessoas que nos davam carinho com um sorriso, um rapaz que não sabia que podia tomar a pinga no início e eu fitei-o virando o meu copinho. – risos.
Estou esquecendo de falar de antes da apresentação: sentei em vários lugares da platéia. Uma concentração que costumo fazer: imaginar como seria a visão daquele lugar. Olhava os técnicos trabalhando, aquele corre-corre e eu lá distanciada e ao mesmo tempo parte do teatro (prédio). Me permiti ser engolida por ele, para depois o engolir. E de fato, esse meu diálogo louco deu certo. Entendi cada centímetro daquele lugar.
À noite, fomos num forró e eu cá com meus botões ouvia o arrasta-pé, de fato. Achava engraçado o sonzinho das sandálias no chão, em uníssono... eram muitos casais.
Deixei um pedaço meu lá por Sobral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário