sábado, 8 de maio de 2010

Diário de Bordo - Fortaleza

É inevitável começar o Palco Giratório, sem pensar em todas as dificuldades que nós passamos! Imediatamente, lembro da nossa estreia. Nas costas o peso de ter suportado o parto do menino sertão Encantado, opa Encantrago. Mas é que parece que esse nosso filho era encantado e nunca iria sair. Meses e meses de ensaios, jornada dura de domingo e até noites de sextas alimentando-o, isso sem falar nos dias de manhã que ensaiávamos. No que acreditávamos, meu povo? Não tínhamos nada!!! E tínhamos tudo, afinal. A fé. Assim como o Augusto Matraga tinha a dele, com a sua hora e a sua vez. E pensei: A nossa vez chegou!
Lembro-me bem das moedas contadas com meu amigo João Paulo. Lembro-me bem da "cotinha" para imprimirmos os cartazes para nossa primeira apresentação. Lembro-me dos choros, dos suores, dos estresses, da chuva de baratas atrapalhando o ensaio, lembro ainda das lutas de espadas e das pancadas nos dedos alheios, lembro ainda do desespero dos músculos das coxas na posição de acocorar, dos feriados todos que perdemos junto à família para ficar com esta família alimentando esse traquina.
E ele está aí, creio que vivendo na memória de cada um que o assiste.
Hoje, o figurino é colorido. Acho que uma marca, um rito de passagem. Encantrago com essa trajetória tão maluca e encantadora... faz meu peito tremer. E eu tremia. Essa apresentação tinha um quê de especial, pois meus alunos iriam ver. E diga-se de passagem uma turminha especial e exigente. Eles tem deficiência intelectual, me deu um nervoso: será que eles vão se comportar?Por serem bem sinceros, caso não gostassem iriam reagir e falar...de fato falaram. Falaram coisinhas lindas e puras durante a apresentação. Um deles me disse depois: - Lá é amor.
E de fato o é.

Um comentário:

  1. Os comentarios dos alunos são de pura verdade e poesia...lindos,juntando tudo daria um texto massa,rsr pensa aí!
    Bjoos

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